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Remo, um esporte de resiliência
08/11/2022 15:16 em JASC

 

 

Todo mundo conhece os Harlem Globetrotters, famosa equipe americana de basquete que viaja o mundo fazendo apresentações. O remo poderia ganhar um apelido parecido, tal a sua resistência para se manter na programação dos Jogos Abertos. Já andou pelo estado, competindo em várias sedes fora de Florianópolis, onde estão as garagens náuticas de três clubes tradicionais, sob as pontes Hercílio Luz e Colombo Salles.

 

Isso acontecia até hoje porque, além do Aldo Luz, Martinelli e Riachuelo, a modalidade existe só em Blumenau, com o Clube Náutico América, e em Presidente Getúlio, em uma associação local. As baías da Capital são o palco preferido dos remadores, mas para não deixar o remo fora dos Jogos Abertos havia a necessidade de viajar para todo o canto do estado a exigência de algumas cidades sedes. Já aconteceram competições – e não apenas exibições – fora da Capital, como Herval do Oeste, Blumenau, Chapecó, Tubarão, Indaial e Rio dos Cedros. O que causa enormes dificuldades, por causa do custo que as viagens acarretam para o transporte de barcos muito caros. Há o risco de acidentes, como já aconteceu com uma carreta caindo em barranco. Um barco pequeno, como o Skiff, pode custar até R$ 12 mil reais. 

 

Outra estratégia adotada para não deixar a modalidade sem o número mínimo de participantes exigido pelo regulamento dos Jasc, é distribuir atletas por outros municípios. Florianópolis é o centro do remo e a fartura de atletas é grande, sendo que desde 2019 já existem competidoras femininas. A experiência começou com uma prova de Skiff. O sucesso e o interesse das mulheres permitiram a inclusão da prova do “double”, já no ano seguinte.

 

André Dutra, 44 anos, filho do Liquinho, um dos remadores mais conhecidos do meio – 71 anos e rema até hoje – é o atual presidente da Federação. Está entusiasmado e otimista com os rumos tomados pela modalidade que também pratica e garante que em breve o remo alcançará outras regiões do estado. 

 

O Parque Náutico será revitalizado, transformado em área de lazer, ganhando quadras de esportes, e espaço maior, atraindo mais público e interesse pelo local. A par disso o remo chegou às escolas de Florianópolis, com o projeto “Remo na Escola” introduzido no contra a turno. A Federação quer, ainda, adotar o “Projeto Navegar”, mantido por Brasília, mas esquecido em Santa Catarina, com barcos espalhados e abandonados pelo estado. “Já sentimos os efeitos destas ações com o aumento do interesse dos pais e das crianças, com a possibilidade da prática de um esporte ao ar livre”, diz. A Federação, segundo André, abraçou recentemente as competições de canoagem e canoa havaiana, outro projeto em desenvolvimento. 

 

André lembra que as dificuldades e os perrengues já foram bem maiores, como a sede da Federação à beira mar demolida, e que hoje funciona em containers junto ao Parque Náutico. Apesar de tudo o remo está vivo, presente na programação dos Jogos Abertos de Rio do Sul, sem a necessidade de deslocamentos perigosos e custosos. As disputas estão programadas – cinco provas no masculino, duas no feminino - para os dias 14 e 15, em Florianópolis, com 14 equipes em cada naipe. O favoritismo, diz André, e “é compreensível, está com Florianópolis, campeã ano passado no masculino e feminino”.

 

Mário Medaglia/especial FMD Rio do Sul

Foto: Roque Zimmermann

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